Suavemente, passo os dedos em sua face pedindo secretamente à minha mente que guarde os seus traços na memória do meu tato.  Bem exatos!

Seus olhos fechados me dão confiança, uma esperança, permitindo que eu vá além e, vencendo minha timidez, eu vou.

Deixo fluir o meu desejo de tocar em você assim para que saiba o quanto sempre desejei fazê-lo - tocar o seu rosto, enfim.

Trilho as marcas, as trilhas que a vida lhe cedeu e os sulcos, um a um, esses que a idade concede como reconhecimento de vivência.

Nunca pensei que uma tal textura, seca, dura e vincada assim, pudesse ser tão mais prazerosa do que o roçar de pétalas de flor e despertar-me a fome dos caminhos, vontade de ir avante, além - e vou.

Entanto quando, com encanto, desenho sua boca não posso ir adiante, continuar minha experiência e paro um instante, pois meio lúcida/meio zonza, fecho os olhos, abro a boca e murmuro sem pensar:

"Ah! Quanto eu amo você! Podia me beijar?"

***
Silvia Regina Costa Lima
5 de novembro de 2009


SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 10/11/2009
Reeditado em 17/11/2020
Código do texto: T1916555
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.