Medo de (a)mar
De costas para o povo, para a luz e para a vida.
Lutava contra o pessimismo
Acreditando não poder derrubá-lo.
Contradizente, não?
A falta de fé enchia-lhe o peito,
e a expiração não se fazia suficiente
para que aspirasse esperança.
Ah...! E queria ir além!
Mas seu além findava no continente
Não mergulhava ao mar
Não conhecia a inquietude dos corais
Era um além limitado.
Mas, se Maomé não vai à montanha
Viria a montanha até Maomé?
A águia manchada sobrevoou seu céu
Jogando a seus pés um peixe fresco.
Soltar-se-ia um peixe do bico de uma ave tão sagaz?
E aprendera, já bem antes, que a perguntas sem resposta
não se dirigem questões.
Fitou o peixe
Mirou o mar
E botou-se a nadar ondas a dentro.
Não conheceu os corais
Pois antes deles, uma bela sereia fisgou-o
E se viveu não se sabe
Se padeceu foi sorrindo
Por deixar para trás os dias de trevas
E o medo do mar.