Melancolia
Melan colia > Melan corria
Mas quem seria Melan?
Algum espírito zombeteiro a caçoar de mim?
E ele teria corrido só pra esconder minha alegria?
Bem que poderia ser Merlim, o mago
Assim seria tudo mágico e eu teria o dom da alquimia
Talvez assim eu transformasse a vida
Que agora me doía...
* * *
Mas sou menina
E Merlin menina é uma fadinha
É ela quem brinca comigo quando me ponho a sonhar
Cutuca-me com sua mágica varinha
Suas estrelinhas ofuscam a minha retina
E com sorrisos diamantes volto a acreditar
Num impulso, num instinto... levito
Já posso voar pois eu sempre acredito
Mas onde ela está?
Já se foi, como mágica, como sempre faz
E os meus sonhos... 'vois la'
Lá onde eu não posso mais encontrar
'Le rêve est fini'
Pousado em suas asinhas
Que fada... falácia...
Roubou meus sonhos assim
* * *
Melan me olha do canto da sala
Apoiando a cabeça, um tanto sem graça
Só aí eu entendo:
Melan não é zombador, enfim
Ele é o inimigo da alegria
Pois passa a vida recolhendo sonhos caídos
E agora é sua vez de cuidar de mim
No íntimo, lhe sorrio e ele me diz:
"Sou preciso
O meu trabalho é limpar a mágoa
Recolher os fardos para o novo plantio"
E demora?
"O tempo necessário
Não se apressa a correnteza de um rio"
* * *
Assim eu lembrei de outros encontros com Melan
Daqueles encontros em que eu não o via, apenas sentia
Nos tempos em que as estações eram sempre repetidas
Ele me ensinara que esse era o segredo da vida
Então eu vislumbro uma nova seara
Vou regando lento e pensando...
Daqui a pouco surge o novo dia
E eu quero que nasça aqui a alegria
Alegria > Aleg ria
Ah, de novo?
Mas eu não perguntava mais quem seria Aleg
Nem tampouco o temia pois já o reconhecia...
Aleg é o espírito da sabedoria
Eu, cá, calmamente espero
A chegada da nova estação
Ela virá, sim... virá
Brotará nova flor deste chão