Coreografia Amorosa
No limite entre o simples existir e o ir além, quedamo-nos sempre no ponto de espanto e impaciência que pode durar instantes, minutos ou uma vida inteira. Chegamos tantas vezes ao limiar do grande salto e, tendo esquecido dos pára-quedas das justificativas encorajadoras para este audacioso vôo livre (adiado sempre no ponto culminante das vontades), ficamos assim como num passo de dança no tango da vida, um momento aonde basta um pequeno piscar de olhos de decisão temerária para saltar em grande estilo para o mundo das possibilidades amorosas sempre adiadas.
Mas, estacando neste movimento complicado como dois dançarinos ágeis, tendo atingido momentos de arrojo nas pré estréias prometedoras, quedamo-nos, entretanto, na incômoda pantomima a qual chegamos em afoitezas alvissareiras que, tendo durado além do desejado, transformaram-se em suplício de equilibristas que não sabem o que fazer com todo o espaço à sua disposição, e não querem ao mesmo tempo despir a fantasia ilusória de desejos nunca avalizados por uma vontade livre e determinda.