PÁGINA EM BRANCO
Ontem, eu ia escrever um texto e de repente parei, achei melhor não escrever, eu já estava com ele todinho na cabeça, já estava com as mãos no teclado, os versos conversavam comigo e até me deixavam com um meio sorriso.
Eu podia sentir os desejos da lauda, ansiosa por cada letra, por cada frase e pelos sentimentos que como tempestade a apanharia.
Mas decidi que não, não era hora, não a hora da página, mas a minha. Então, apoiei os cotovelos sobre a mesa, o queixo sobre minhas mãos e fiquei ali durante um bom tempo olhando aquela folha em branco, imaginando quantas coisas caberiam ali, caberia de tudo um pouco.
Ela aceitaria minhas lágrimas, meus sorrisos, meus sonhos e desilusões, tudo, tudo, era só eu querer e eu não quis.
Mais que rápido o ontem virou hoje, a noite virou madrugada e eu entendi que aquela folha deveria permanecer como estava “infinita” com sua leveza, seus encantos e com a paixão de um amante que abandona o próprio eu.
Ontem ela não me recebeu, foi recebida por mim com todas as honras, pois era o dia dela, a noite dela e ela poderia contar o que quisesse.
Nós dois frente a frente bailando no tempo até o sono chegar, quando, então, fechei a tela e fui silêncio.