Do Canto ao Conto

Ontem, estive a escrever

Algumas frases tolas, inalteradas

Memórias ao sugo, que me lambuzavam

Mascaradas, como em filme de época.

Arqueiros a mirar na fronte

E a errar por muito, descuido.

A morte frutífera anunciou as cinzas

No canto patético do poeta

E versos ateus, todos eles meus

Zombavam –me, rasteiros.

Meu esqueleto chicoteava entre pedras

As quais me negavam vastas memórias

Nem as castas, tive-as de ré

Contentei-me, por hora

Com o olhar mecânico e funesto do tempo

A me proferir, com voz de alcova:

Vá-te à cama,

Encontrar-te-á com o conto poético do pateta.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 09/07/2006
Reeditado em 10/07/2006
Código do texto: T190510
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