A ARANHA PERNALTA
Cabecinha atômica de oito anos, Laura é tão sapeca e ágil, que até a sua assinatura tem patas compridas. Verdadeiras pernas-de-pau, só pra ver o movimento lá de cima. Por isso, sempre que ela cria um poema – o retrato do que sente – palavras saltitam de alegria. A emoção é tanta que o papel fica todo rabiscado de patinhas. Sua garatuja parece uma aranha. E o tio, sem graça, faz cócegas na barriga. Não na sua, mas na da aranha. Ela, a Lauranhinha, se aninha na teia da tarântula. É andarilho o poema cheio de patas. A palavra nunca tem meinhas, mas não sente frio, porque também é aranha pernalta. Patas pra arriscar o mundo. Só pelo esporte de viver.
– Do livro inédito O AMAR É FÓSFORO, 2012.
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