[O Viajante]

[... eu cumpro o que aprendo

com quem sabe muito

mais que eu:

procuro fazer poesia,

e não fabricar Razão!]

... escurão da noite sem fim,

luzes frouxas na madrugada,

e o meu sangue pára;

a vista some num último flash,

e de repente, o motor silencia,

vejo o fim - pereço, morro...

fogaréu insano: tem de ser assim!

...e este trem, que nem existe mais,

viaja assim, louco, perdido

nas paisagens noturnas

onde vagueia a minha mente,

a se torturar inutilmente -

matei todos os deuses

que me atavam - estou livre!

Meu espanto percorre um

campo de antigas batalhas

iluminado pelas luzes de astros

mortos, que viajam pelo espaço

desde sempre, sem jamais

chegar ao termo de sua

fantástica errância!

É desta forma que eu constato

que não sei quem ou o quê sou,

jamais coincido comigo mesmo;

tenho apenas piedade de quem

pergunta qual o sentido da vida!

Sei que o céu é escuro,

viajo num espaço infinito,

e parei aqui, sem razão,

por um tempo, um breve tempo!

Viajante, ou nem isto?

____________

[Penas do Desterro, 31 de outubro de 2009]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 01/11/2009
Reeditado em 08/07/2012
Código do texto: T1898477
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