Inefável [Desabafar Poético 40]

Inefável [Desabafar Poético 40]

Inefável como a água do mar em dias ensolarados... Inefável, como pode existir uma palavra que define o indefinível, o intraduzível? E como pode existir alguém que nem a essa palavra se encaixa? Algo que só se traduz em vultos e cores, algo como melancolia quee só se aproxima à tons quentes e tristes, tal qual uma alegria tola, embriagada, como uma dose de cognac bem forte às sete da manhã... Algo como um silêncio orquestrado pelas mãos da madrugada e afogado pela voz triste do partir... Inefável! Uma pessoa que seja intraduzível e o máximo de proximidade verbal que se consegue é um ideograma esquecido entre as fases e as bocas... Algo próximo, mas intangível... Sempre distânte, como o horizonte à beira do Guaíba, como o horizonte às margens nunca vistas do Equador... Inefável! Intraduzível! Um gosto doce-amargo dentro da garganta, e uma tristeza langue como um beijo de despedida. Um despertar inesperável que nem a fúria dos dias consegue amansar... Dar TUDO pela presença dos longínqüos e ainda ser Pouco! Dar toda a vida para as mãos da morte e todo o amor para as mãos de um ateu... Inefável!

Talvez isso (não) seja o melhor para mim... Correr enlaçado à qualquer coisa que nem minhas míseras palavras conseguem alcançar... Como alcançar o intraduzível? Como alcançar a distância que não se mede em quilômetros? E como não cair no clichê e no piegas quando se vê deparado de frente à um abismo e nem se jogar nele pode? Porque há sempre Perigo... Porquê o Perigo é sempre Perigo, e a minha insensatez se enquadra nessa palavra... Não o Intraduzível.

Ser defínivel, ser limitado, pequeno, mediocre, e depressivo... Já se define na própria descrição. Mas como definir aquele que em palavra alguma se encaixa, e muito mal em cores se expressa? O amor não têm definição... - Bah, meu caro, que têm! - Mas se não é amor, se transpões além... O que sería? Inefável! Insuportável saudade de não-sei-o-quê que tem Nome, Sobrenome, Endereço, e CPF. Números não justificam e palavras não descrevem... Apenas o silêncio da quietude, da proximidade inatingível, pois nem em alegorias há como se comprar...!

Meu Deus... Meu Deus...! Por que me abandonaste se sabias que eu era fraco? Se sabias que eu não era Deus? E ainda assim, aproxima-se da minha covarde vontade, tola, e insensata, de rir aos seus olhos e coneguir dizer aquilo que nem o mais belo poema é capaz de dizer... Lábios, estalos, bocas, garrafas escancarádas à beira mar.

“Head Over Hills”

Sono

Triste la – mentar -

Solene-

Profanar.

Traduzir-

Investir -

Estalar -

Cor das horas.

Beira-

Amor -

Algo -

mais;

Nome -

Vazio -

Saudade -

É aquilo-

que os lábios

não ousam -

gritar!

A imaturidade das horas se produz nos olhos escorridos de nankin.

Você é qualquer coisa que não consigo traduzir em palavras... E ainda assim, comparável à persistência.

Inefável.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 29/10/2009
Reeditado em 01/11/2009
Código do texto: T1894876