Ser .... humana.
Nascer.
Nasci. À dor e ao escárnio, ponho me viva no mundo sem vontade, empurrada, puxada e do sangue viemos e ao sangue retornemos, pois que o pó é coisa doutro tempo.
[...]
Entender é muito complicado, por isso não entendo. Devo poupar forças para o que me traria de volta à vida. Minhas conclusões são imparciais, jurei guardá-las para mim, mas que metafísica é essa? Nos coloca frente ao espelho, cara-a-cara consigo mesmo e diz:
"Encara-te, pois. Vive consigo, com suas dores, guarda-as, mente para si que não dói. Chora no travesseiro abafado, sorri para disfarçar. Mas olha-te; que olhar não dói. Aviva a memória."
Viver é como caminhar. Uma vez o feito, o restante é automático. Nos fizemos máquinas e acredito que é por isso que ser sociável machuca. Irrita. Afeta. Fere. Se não entendo o outro é sinal que parte da minha humanidade está abalada e isso me incomoda. Portanto, melhor é ser só, pois com o espelho o pior mal que se faz é consigo e para si. Assim é simples limpar e repassar a maquiagem.
[...]
Maquiagem.
Para quem se arruma toda? E para que tanta maquiagem? Pinta-te, borda... faceira menina do rosto rosado, pois é noite e não te vejo. É sempre noite. Ora por ser escuro, ora por não me ver. Se parece renegado e apagado meu escrever, não se iluda, prefiro passar despercebida e me sentir viva, a ser tão notada e me sentir (f) útil.
[...]
Morrer.
Há em tudo um toque do belo e do horrendo. Penso que na união desses, no vértice entre os opostos, pontos que desconhecemos, pois vai além da nossa capacidade de ver, sentir, ouvir... nele está, também, o morrer.
Que não é de todo feio, nem de todo belo. É um ponto; resultante exatamente do cruzamento entre o dito e o reprimido.
Faz do verso o último lançado, faz do dia o último vivido, diz-me agora se não é mais bem produzido?
[...]
Canta, encanta, dança...
Que do laço, vira nó. Prepostos que me fiz só.
Canto, encanto...e finalizo no pranto.