[Me ofereço...]

Me ofereço ao futuro como uma rapariga de poucas vestes, o futuro vai me passar na cara. É só isso a vida: uma morte despindo-se. A pele fina... por uma película apenas, estou ainda do lado de dentro (e, às vezes sei-me do lado de fora). Na verdade, o presente é um futuro apressado, como um estremecimento de quem cola o ouvido rente ao peito da terra e ausculta o interior do chão tremente por causa do trem que passou e de novo já vai passar por aqui... e está passando... sinto o cheiro e o gosto da chuva que já vem se aproximando... O presente (do futuro) é um pulo no inatingível, um salto em chão inesperado.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 26/10/2009
Reeditado em 26/10/2009
Código do texto: T1887962