NA RODOVIÁRIA, A QUEM INTERESSAR POSSA

Julgo morto todo homem forte

Serão os ETs grandiosos ou feios?

Ora, amigo, não questione metafísica

Disse-me o anarquista Bakunin.

Julgo feliz a mulher mãe e filha

Se a felicidade é abstrata e pessoal

O que será seu substrato, um átomo?

Julgo “mega” o ideal pessoal

E único do ancião que luta

Para morrer em vida seus dias indo.

Julgo os poetas meros apreciadores

Das ninfetas do Tejo que inunda

Seus mais íntimos desejos em prosa revelados.

Ora, Fausto, não seja eloqüente!

Seja objetivo a ponto de abster-se

E de pena da raça humana

Compactua com Mefistófeles

E Goethe se torna imortal

E os labirintos do Homem às caras estão.

Condeno cada atitude individualista da coletividade

E busco nas memórias o que quis esquecer

E sonho de olhos abertos e tenho pesadelos.

Será o antropólogo um cientista?

Ou será ele mesmo o primitivo que estuda

E se civiliza na ignorância da aparência idolatrada.

Não caberá no oceano

Uma gota de lágrima

Sem que seja por um bom motivo.

Disse-me Camões que Amor é fogo

Retruquei ao sábio português

Que o amor é fogo!

E depois nos abraçamos da forma mais poética

E fizemos versos sobre a amizade.

E ao final de calorosas companhias

Nada pedi porque já muito ganhara

E sobre o caderno a caneta imóvel ficou

E sentei para minha partida.

Março/1991

silvio lima
Enviado por silvio lima em 22/10/2009
Reeditado em 22/10/2009
Código do texto: T1880227
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