AMOR ANTIGO 

O amor, o verdadeiro amor não morre, adormece, viaja, tira férias, vira ermitão e passa a morar numa floresta tropical ou em algum deserto africano, mas morrer ele não morre. Quando a gente menos espera o danado volta com força revigorada pelo tempo e pela distância e explode no peito provocando um vazio, um sentimento de carência profunda... Solidão sem resposta, dor sem precisão. É inexplicável como o amor é capaz de, passados tantos anos, tocar-nos como quem foi do outro lado da rua e voltou e mesmo que se queiramos tratá-lo como lembrança ou saudade, os arrepios da pele e a freqüência cardíaca não nos permitem. É ele novamente, está de volta sem ter avisado, mandado um E Mail ou bilhete, um telefonema que seja, não ele voltou e quer saber se poderá ficar para sempre. E agora? Como explicar que esse amor tem duas metades, dois corações e uma alma partida, como mostrar que a razão cobrou sua parte e refez no espaço e no tempo a moradia que antes era dele? É difícil encarar um velho amor sem trair sua presença, é inevitável compactuar com o desejo de dividir o espaço emocional entre sentimentos existentes no coração, um amor antigo e viajante e uma paixão recente e ardente. Acho que o negócio e rezar pela alma dele e pedir que ela descanse em paz, acender uma vela e cantar uma canção de despedida, mas se você for ateu, deixa pra lá, porque ele também o é, e não acredita em reza.
Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 05/07/2006
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