Canto triste
Encontro em minhas anotações uma série de exercícios poéticos, que fico pressuroso em transcrever. Embora destituídos de qualquer valor literário têm o significado do momento do pensamento e da alma...Tudo que se falou e escreveu importa para sempre, como aquelas lembranças infantis de folguedos e brinquedos e outros prazeres. Canto triste de amor é um deles:
Canto triste de amor, estranho, amargo e tenso, vazio, sem calor, atormentado e intenso; canto triste de amor, um canto que estremece, um canto de ternura, um canto feito prece, um canto de amargura; um canto amigo e sério que tem o som do lírio, um canto de mistério, um canto de martírio...O amor vive de extremos, ausências e presenças; mesmo se não cremos no amor como ilusão, não crer já é uma crença, o amor é uma canção.
Por que sonhar com amor? Amor é coisa esquecida é sonho pra toda vida é sonho desfeito em dor. Por que sofrer por amor? Amor é coisa matreira é sofrer a vida inteira, sem recato, sem pudor. Por que chorar por amor? O pranto que a gente chora nunca vem quando é a hora, vem sempre sem som nem cor. Por que morrer de amor? A morte que se espera, não se compara à quimera de uma vida em esplendor. Amor é dor e afugenta, amor é buscar tormenta, amor é somente amor.
Como se pode ver, a temática se repete sempre, mas o sentimento é antes lúdico, que estético; eram anotações feitas durante momentos de breve inspiração, registrados para ulterior avaliação, na maioria das vezes, ficando no limbo durante longos anos, sem uma releitura sequer. Não crer já é uma crença!