Mania de Rotina
As horas marcadas são as horas dolentes, invisíveis
Aquelas que nada tem para fazer e requerem indiferença
Preferem deliberar, marcham na contra-mão d’alma
Sobrepujando a atenção, cios em extensão.
Nas horas marcadas, usurpamos os abrigos que nos esquecem
Otimizamos nossas racionalidades, outras inquietudes
O carro na esquina, a raposa a espreitar a caça
De Saturno a emparelhar com a Terra, um luxo!
Às horas marcadas, estivemos distantes, tão parciais
Inequívocos semblantes ungiam-nos de mármores em pó
Tem-se a modinha na viola de ré rompida, o faqueiro
Singelo gole a encapotar o gélido espírito.
Pelas horas marcadas, negamo-nos, inconscientemente
Sujeitos ao imperialismo dos ponteiros, tiros certeiros, pertinazes
Pois, somos humanos, loquazes e aguardamos a fênix
Podemos estar numa hora escapulida, livres para a vida.