Mania de Rotina

As horas marcadas são as horas dolentes, invisíveis

Aquelas que nada tem para fazer e requerem indiferença

Preferem deliberar, marcham na contra-mão d’alma

Sobrepujando a atenção, cios em extensão.

Nas horas marcadas, usurpamos os abrigos que nos esquecem

Otimizamos nossas racionalidades, outras inquietudes

O carro na esquina, a raposa a espreitar a caça

De Saturno a emparelhar com a Terra, um luxo!

Às horas marcadas, estivemos distantes, tão parciais

Inequívocos semblantes ungiam-nos de mármores em pó

Tem-se a modinha na viola de ré rompida, o faqueiro

Singelo gole a encapotar o gélido espírito.

Pelas horas marcadas, negamo-nos, inconscientemente

Sujeitos ao imperialismo dos ponteiros, tiros certeiros, pertinazes

Pois, somos humanos, loquazes e aguardamos a fênix

Podemos estar numa hora escapulida, livres para a vida.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 04/07/2006
Código do texto: T187441
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