RISCO
   
                                                                            
 

 




Arriscado transpor esse abismo em que desato-me fio a fio. De nós, a pequena luz que devagarzinho alumia o caminho. 


Noite adentro, mar de estrelas em que o tempo pesa, a palavra escapa e o poema vaga sem notícia do encantamento. Perdido o compasso, toda pulsação é frouxa, todo desejo, laço. Vago lumes, choro luz por onde a sombra me conduz. Há um garbo de gazela em mata dizimada apontando-me o salto quântico para  além das chamas. Há uma voz em compaixão nessa penumbra que me traga como um vórtice de luz.. Híbrida em carne e sonhos, sou mais que afasia, sou a voz do silêncio no meu  jardim de labirintos. Sou crisálida suspensa num fundo mundo indizível e tão macio é o alento de nascer da tua pele que a asa da palavra em mim renasce. Por agora, apenas cravo os olhos nesse céu de dentro. Sonho estrelas que morrem para renascer num pulsar. Que as três Marias, lácteas lumes de poesia, brilhem nos versos desse in_verso, lançando a manhã seguinte, clara, onde tudo é temperança
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