Vôo da Fênix
Tenho em mim a dor do mundo que estaticamente se agita e nesse agitar imóvel lascera a alma...
Nas palavras e na música, abrigo-me como um peregrino sob a ponte, refugio-me nos suspiros compassados e lógicos que me permitem os homens...
E busco nos olhos que não são meus a luz calma, e lhes respondo sorrindo, enquanto suspiros frenéticos preenchem as horas de vida fresca...
Meu corpo cansa, minhas pernas sucumbem, o ar já não me salva, entrego-me aos grilhões e me acabo, de repente...
Busco olhos encantadores e mãos suaves que afastem de mim as prisões e me façam renascer constantemente,
busco a leveza da brisa que resgata o corpo e o torna pleno,
e as palavras breves que se encadeiam como beijos sutis sabendo não caberem em si -
e as não-palavras que intensificam a pele e dizem o que não se sabe...
Busco o tempo que circula e não mata, com o qual se vai sem preocupação ou pretensão...
quero simplesmente a expressão que permite o contraste, o fogo e as cinzas que trazem o vôo da Fênix que ascende ao desconhecido infinito.