[Eu Sou Teu Rio]
[A você, é claro!]
Por entre as sombras da noite,
ou ao sol das manhãs,
eu escôo...
ora lento,
meandroso,
sem pressa;
ora rápido,
indômito,
impetuoso!
Quem me sabe,
quem me saberia?!
... e pelas areias brancas
onde as minhas águas
se acalmam, e se entregam,
caminham estes teus pés
desnudos, macios, sensuais...
Minhas águas beijam os teus pés,
e enlouquecem nas lúbricas curvas;
eles - só eles - sabem minhas profundezas
como ninguém jamais soube...
E eu... ora, eu sei que sou teu,
sei que sou teu rio, teu rio só:
caminha-me, pois, sempre,
sê íntima dos meus mistérios!
Aviso:
[... eu perdi uma estrela nesta manhã, fugiu-me na bruma do céu de chumbo... é claro, tinha de ser assim, pois o céu aqui nunca é o céu do meu Planalto Central. Se acaso a encontrares, devolva-ma, sim?]
[Penas do Desterro, 18 de outubro de 2009]