Amar Ou Se Deixar Levar
Em dias de sois avermelhados
É preciso estar atento
Processar douro momento
No afã dos prazeres inviolados.
Só a estar o outro que não ama
Não ao outro, mas a si próprio
Fracionar o lume que traz a chama
Trazer, não aos outros, mas a si, o óbvio.
É preciso amar desmensuradamente
Emocionar a si, ranger os dentes
Coadjuvar infindáveis epopéias
Adormecidas, estanques, amarelas.
Fundar o próprio fã clube
As vaias esvaecerão pela intensidade
Palmas pra si, dedos em riste
São minúcias a convergir, internas.
Em tempos de sois dissimulados
É preciso se ter espelho
Não do outro, mas o próprio
Apresentar aos outros, os molares
E proferir num estrondo:
Eu me amo!