Tributo a minha amiga Judite
Tributo à minha amiga Judite
E os olhos da velha acompanhavam o corpo já sem brilho,
opaco,
fresta de luz que parece querer se apagar.
A noite estava dando lugar à vida que não podia mais se agüentar!
Muito tempo, tempo muito se passou!
Aquele corpo, pequeno, sereno, doído, morrido do amor.
Ah! Mas as histórias! Lindas histórias que insistem em manter o corpo sereno, doído, morrido do amor. São elas que como fantasmas coloridos, circulam o sangue, os ossos, a pele. Ao contar o que a lembrança mantém, o suco da vida se refaz e circula, lambe, acaricia e põe em pé, os sonhos que aquela alma acalentou! Seus filhos pequenos, promessas de vir a ser a realidade não podida dela mesma! “Nunca me desgostei deles!” enquanto comigo ficaram. Os olhos da velha brilharam num lampejo de luz tocado pelo suco da vida ao recordar dos anos que a vida brilhava em si.
Hoje, abandonada de si, persegue sem brilho o sonho que acabou. Só os filhos, lembrança de luz, mantém vivo o suco da vida que a conduz.