pintura/AÍDA EMART

PLANETAS DE 'GUDE'/NO JARDIM DE SOFIA (zocha)

 
                  Dá-me a tua palavra de cheiro e saberei reconhecer 
                                            o sabor da florada de tua alma....

Carrego o tempo no carroção da longa estrada
encontro vespas  disfarçadas
mas as colméias me enlevam
não aprendi ainda a distinguir as heras/eras
e chutando as pedras do mundo
lá vem  ele/  rolando o tempo
de franjinha encaracolada Curumim
 aparada pela tesoura de podas da mãe

de pulôver de tricot azul  de ponto meia
de calça xadrez de algodão 
 e quantas vezes de barriga de fora
 quase pelado

E olha  a rua como a lua cresceu de repente
de ladeira barrenta a Goiás virou ardilosa serpente
que o velho crente Emídio expulsava o satanás todos os dias
Mas haviam anjos pelos caminhos jogando
Bolinhas de “gude” (búrico)
  e rolando com os planetas do mundo
juro que sempre os encontrei
  e eles continuam rolando  as pedras do mundo até hoje
  e sulcando de humanas verdades os mundi/mapas do coração
e um deles eu reconheci
  é parecido com você!
 
 
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