Canção do Louvor
Caminhos, caminhos e mais caminhos...Sentiu-se só naquele
imenso deserto sem fim. Tudo era negro, já que o branco desapa-
cerera nos esquisitos espinhos da dor maior...
Em silêncio, sem nada sussurrar, apenas dirigia cuidadosamen-
te suas belas mãos, ao enxugar as doces lágrimas de sua face, con-
traídas pelo medo da solidão. O infortúnio momento ía, aos poucos,
destruindo sua mais perfeita virtude: a calma. Não lembrou-se da
sorte, nem do mundo, só de si. Estava mergulhando lentamente nas
profundezas de um bravio oceano, onde as sereias pareciam suas
eternas e únicas companheiras da noite soturna.
Estava só... Nem mesmo as sereias apareceram para o "boa
noite", nem os peixes provaram sua deliciosa carne. Tudo mistura-
va-se em sua mente : deserto, oceano, solidão... Subitamente, to-
mou consciência de um fato: a morte. Estava tão perto dela que
jamais ousou pedir perdão por seus pecados. Nem precisava...
O rude castigo daquele instante bastava para pagar os mais
graves erros que havia cometido na vida ociosa, inerte que tinha
levado. O jeito foi entregar nas mãos divinas todos os seus tormen-
tos, porque somente Ele possuía poder de livrar-lhe os sofrimentos.
E não deu outra coisa: repentinamente despertou, louvando
a Deus pelo amanhecer de um novo dia!