Corre, criança!
Sabe aquela criança, que de tanto querer correr, sem nem ainda saber andar, cai a todo o momento? Sou aquela criança, que não sabe andar, ou caminhar pausadamente, essa criança quer correr, quer encontrar a todo custo seu caminho, porém não acha as mãos firmes pra que apenas dêem as mãos, não fazendo cair.
Aquela criança que briga com o mundo, e ama intensamente, que procura inimigos pra se achar forte, mas é derrotado por suas próprias armas. A criança que põe máscaras que mostram muito mais seu verdadeiro ser do que a faz esconder, entre cascas e cascas que estão tão evidentemente fora do lugar, que se tornam vulneráveis a qualquer um.
Uma criança que não sabe o que fala, ou o que entende, ou o que pensa, ela apenas age, e corre, e volta a cair. A criança que agora se importa mais com as feridas que já tem, do que as que pode sarar por si mesmo, que se importa com pedras pequenas no caminho, ao tentar se preparar para as grandes rochas que tem que ultrapassar, mas ela tenta! Ela até tenta se preparar, mas está muito mais presa a condições ou conceitos passados que já não sabe decidir entre correr pra cair, ou esperar cair pra tentar correr.
Se essa criança soubesse o quanto já caminhou, o quanto já caiu e levantou, ela olharia pra trás, e viria o longo caminho que viajou, o belo caminho que peregrinou, que apesar de se importar tanto com quão torto pode ser seu caminho, agora mais uma vez vai levantar, pra enfim correr, e sempre correr...