INCONGRUÊNCIA

Deixa-me soltar minhas palavras em devaneio

Não censure idéias com que você discorda

E não tenta impor as suas como verdades absolutas.

Nada se imprime que não possa ser removido

E pensamentos colocados à força

Em nada contribuem e os tempos dos ditadores

Pertencem ao passado como o tempo que não retorna

E ficam na memória martelando qual enxaqueca crônica

Nada trazem de bom a não ser uma triste lembrança.

Que venham os indecisos e titubeantes

Deles aproveitamos suas incertezas

Porque nos revelam que nada está consignado

E sabedores das suas “fraquezas” aos olhos dos doutores

Nos ensinam que nada está firme que não possa ruir.

E manhã que chega para mais outra estadia

Sem pedir licença qual estrangeiro em terra nova

Trás consigo histórias já vividas e experiências novas

De terras não conquistas à custa da catequese ou fábulas divinas

Porque desconhece os mitos dos primeiros habitantes

Destas bandas e outras das Américas mais ao alto.

Não impeça as vontades alheias

Mesmo que delas não tirarás lições

Que não se ensina nas escolas ou academias

É no dia-a-dia que se dá a vida.

Não descartas os romances com seus amores perfeitos

Nem menospreze as aventuras heróicas e impossíveis

Se Zeus em nada acrescenta a sua história

Não se joga fora o que dos antigos Heródoto nos legou.

Que Helena não tenha existido

Que Tróia não tenha sido palco de sangrenta batalha

Que Ulisses não tenha tido maravilhosa idéia

Ou que as ninfas sejam figuras da imaginação.

Não importa se os julgamentos feitos

Mudaram o rumo da narrativa que se queria contar

Porque de posse da pena qual carro ribanceira abaixo

Que dela toma conta nada controla.

E como personagens que dominam o ator

As palavras saem descontroladas

E repousam sobre o papel passivo e recebe

E se fixam como monumentos em chão firme.

E mesmo que de picareta à mão

Camada por camada o concreto cede

E terminada a obra empreendida

Que ficam os entulhos e os cascalhos

Mas terá sempre à memória

A obra ali antes assentada.

Assim são os pensamentos

Que em contato com a caneta e o papel

Fixam-se para os que dele tomaram nota

E mesmo que não agrade aos olhos alheios

Certo é que tomou seus caminhos.

E queiram os que por aqui passar

Deste que se arrisca à escrita

Minhas desculpas se assim posso

Porque nada mais quis

Senão o direito ao devaneio.

E aqui fico em redobradas escusas

Pelo tempo tomado da atenção dos senhores e senhoras

Somente confesso que não pude

Evitar as palavras que pediam passagem.

E aqui as deixo sob seus cuidados.

silvio lima
Enviado por silvio lima em 14/10/2009
Reeditado em 14/10/2009
Código do texto: T1864916
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.