Retratos em preto e branco - ATO 5
Enquanto a chuva cai fraca lá fora, aqui dentro meu peito em ebulição tenta sufocar a avalanche de sentimentos em que mergulhou.
Luzes trêmulas escondem um rosto em desalinho e os passos incertos seguem mais uma vez sem rumo...
O barulho que o vento faz, somente aumenta o desejo de um lenitivo que seja definitivo.
A noite adentra territórios perigosos e cicatrizes sangram ao som do sino dos ventos que, insistente, badala.
Um ruído...
Um toque...
E a esperança novamente salta em meu peito e me faz abrir os olhos com vontade renovada.
Pelo telefone, você diz que ainda quer uma conversa.
E eu, com voz rouca, sinto que é tarde demais...
Ainda resta um fio... enquanto o líquido quente e carmim escorre pelo chão da sala tão cheia de lembranças...
Com voz quase imperceptível, digo uma última vez do meu amor...
...E caio desfalecida ao chão, enquanto a voz do outro lado da linha me chama em desespero descomunal.
O fio finalmente se parte e a única coisa marcante é o sorriso em meu rosto que você deixou, e que nem mesmo a morte conseguiu levar...
Fim