[Meu Caminho]

De sua própria natureza,

é arrevesado e ínvio,

presta-se a vacilações perigosas,

apenas um ser de infirmezas

o tem percorrido...

Ninguém, mas

ninguém mesmo,

quer ou precisa

saber dele - para quê?!

É um risco sulcado

na cara do mundo,

mas já vai sumir...

Ele não é necessário,

e não faz falta a ninguém;

às vezes belo,

às vezes espinhoso,

às vezes amargo,

às vezes obsceno,

às vezes irônico,

ele é:

inclassificável,

profundo,

misterioso,

memorioso,

sinuoso...

Teve começo

bem definido,

e terá fim certeiro -

ainda bem! -

O mundo ficará

melhor quando

aquele risco

do meu caminho

for apagado.

[Saber da minha morte

é só o que me torna

humano, muito humano!]

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[Penas do Desterro, 13 de outubro de 2009]