TUA AUSÊNCIA

Nessa tarde, a chuva fina acentua mais a tua ausência, fazendo

com que eu me envolva nas teias da melancolia.

Olho pela vidraça, na ânsia de te ver chegar procurando abri -

go, mas vejo apenas a rua deserta, triste.

Ouço um telefone que não é o meu tocar e alguém no apartamento

ao lado dizer um "Oi meu amor" que me soa como tortura.

Abro a porta, o corredor está vazio, às fluorescentes.

Volto, penso em te ligar, mas não posso, nosso amor não é pro-

ibido, já que não se proíbe um sentimento, mas é secreto por mo-

tivos legais.

O silêncio da sala é quebrado sómente pelo crepitar da lenha

na lareira, que acendi temperando em vão um clima de aconchego.

A noite cai, e o neon dos letreiros, baila na vidraça tecendo

formas vagas de rostos, todos teus.

As horas avançam e me distanciam da esperança do teu olhar, do

cheiro do teu corpo, do teu beijo...do teu gozo.

Na mesa de canto, está o vinho com o qual brindaríamos nosso

prazer, mas agora será o derradeiro antídoto da solidão.

Abro-o, sirvo-me,brindo tua ausência,me embriago e durmo abra-

çado na saudade.

pctrindade
Enviado por pctrindade em 12/10/2009
Código do texto: T1862031