DESCOBERTA
Busquei teus olhos, hoje, para decifrar os teus enígmas. Eles não me fugiram e eu pude ver, através deles, teu tormento interior. Aparentemente tudo está bem, não é? Uma fagulha, porém, em teu olhar, provou a iminência de uma tempestade. Na superfície tudo é calmaria... a vida nos ensina a disfarçar as dores, a esconder os temores. Nas profundezas, porém, o mar se agita... como é difícil conter esse gigante que de enorme quase aniquila!
Busquei tua presença, hoje, para saciar uma vontade, incontrolável quase, de te sentir real. Ao te ter na minha frente, eu senti fluir todo o desejo amortecido em meu corpo indefeso. Mas veio a ternura... e com ela o equilíbrio. E dessa soma resultou carinho. Um carinho enorme, grande demais; eu me senti amedrontada. Na profundidade de meu interior, havia também um prenúncio de tempestade. Mas, como sempre, a minha sensatez predominou, amortecendo meu desejo de demonstrar afeto, controlando minha vontade de acariciar teu rosto.
Busquei tuas palavras, hoje, para penetrar no teu íntimo. Tua realidade conturbada, fez renascer em mim a vontade de tomar os teus temores, de decifrar as tuas dúvidas, de te dar uma solução. Eu gostaria, naquele instante, de receber tuas preocupações e, num toque de mágica, aliviar o negror que embaçava teu sorriso.
Eu não busquei, porém, essa verdade que me assusta agora. E como um náufrago, eu procuro a segurança do meu quarto para ordenar as idéias. A avalanche de meus sentimentos me faz sentir medo e a tentativa de voltar ao equilíbrio se faz inútil. Eu descobri que gostaria de partilhar o teu sorriso e os teus temores, as tuas verdades e a tua insegurança, o teu carinho, a tua tristeza, o teu viver!