[Fogo Guardado]
[A você, assim, tão macia...]
Quem é que não sabe?!
É tão comum, depois
que as chuvas caem
sobre as queimadas,
o fogo guardar-se no oco
dos troncos, dos paus caídos
na solidão dos campos devastados -
- é tão comum... não é?!
Até me surpreende que cê num
saiba disso, me admiro mesmo!
Ara... Cê tá mentindo pra mim, tá?!
E o que é que reanima
um fogo assim, guardado?
Cê sabe... tenho certeza
de que cê sabe... quer ver só?!
Encosta esse seio macio
no meu peito, e passa, de leve,
essa mão que garimpa o quê...
nem precisa dizer,
não precisa não, viu?
É simples questão de tempo
quente, calor na hora certa,
e logo, cê vai ver que o pau
caído na solidão do ermo
vai se incendiar de novo,
vai pôr fogo nas matas,
nas nossas matas, pobres matas,
andavam tão secas, tão secas...
Uma queimada, cê sabe,
é um perigo... mas um perigo só!
Se a gente não tem como fugir,
melhor é não acordar o fogo guardado!
Vich! Pra que estou lhe falando
estas coisas?! Pra quê?!
Protejamos as nossas matas!
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[Penas do Desterro, 07 de outubro de 2009]