[Fogo Guardado]

[A você, assim, tão macia...]

Quem é que não sabe?!

É tão comum, depois

que as chuvas caem

sobre as queimadas,

o fogo guardar-se no oco

dos troncos, dos paus caídos

na solidão dos campos devastados -

- é tão comum... não é?!

Até me surpreende que cê num

saiba disso, me admiro mesmo!

Ara... Cê tá mentindo pra mim, tá?!

E o que é que reanima

um fogo assim, guardado?

Cê sabe... tenho certeza

de que cê sabe... quer ver só?!

Encosta esse seio macio

no meu peito, e passa, de leve,

essa mão que garimpa o quê...

nem precisa dizer,

não precisa não, viu?

É simples questão de tempo

quente, calor na hora certa,

e logo, cê vai ver que o pau

caído na solidão do ermo

vai se incendiar de novo,

vai pôr fogo nas matas,

nas nossas matas, pobres matas,

andavam tão secas, tão secas...

Uma queimada, cê sabe,

é um perigo... mas um perigo só!

Se a gente não tem como fugir,

melhor é não acordar o fogo guardado!

Vich! Pra que estou lhe falando

estas coisas?! Pra quê?!

Protejamos as nossas matas!

___________

[Penas do Desterro, 07 de outubro de 2009]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 07/10/2009
Reeditado em 08/07/2012
Código do texto: T1852412
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