INSTÂNTANEO

Que não me venham os homens com suas frases prontas

Nem, tão pouco, com seus conselhos desnecessários

E larguem seus arroubos públicos aos seus bajuladores.

Vão-se às favas os livros de auto-ajuda

Vão-se também os Best Sellers engrossar a fileira do reciclado

Sim, meus senhores, Lavoisier está vivo!

E os vírus à solta garantem mais lucros.

E os hospitais....

Em tempos de guerra eram mais humanos

Morria-se com uma bela justificativa e de retorno a casa

Outro herói nacional era conhecido.

Esqueceram da África como um fardo em qualquer canto

Os pássaros emudeceram e os carros gritam nos semáforos

As lágrimas derramadas do amor dos contos de fadas

Perderam para a poluição que asfixia e cega a vista para a primavera.

Que não me venham os voluntaristas das campanhas globais

É na esquina que se encontram o mendigo, a puta e o ladrão

E a criança de pai desconhecido e de mãe culpada

Pela sociedade será julgada e condenada a dar à luz a mais um infeliz!

E no farol, terreno disputado à faca, outro ser ocupará o espaço

E a escola que não ensina ficará vazia por falta de público

E a roda girará sem parar para que o Leviatã

Impiedoso como os bárbaros dos tempos idos

Faça justiça para que o mercado não pare.

Que não me venham os padres, os bispos nem os apóstolos

Não há paraíso quando a vida se dá no inferno

E os templos cheios de fiéis fecham suas portas aos miseráveis

E não se estranha que numa manhã qualquer

Às escadas da casa do Senhor um corpo rígido e amarelado

Terá partido para o desconhecido.

Que se danem os donos da verdade

E vendem-na como produto ao melhor preço

E a embalam segundo a conveniência ao público interessado.

Às favas os slogans, as marcas e as etiquetas

Não se come de garfo e faca quando a fome corroe o estômago

E o “seja feliz” não significa felicidade quando de antemão

O dia seguinte pressupõe mais sofrimento.

Aos burros os formadores de opinião

Que nada mais fazem que manter o status quo

Para ter o que falar nas estatísticas direcionadas

Segundo métodos científicos ensinados e aprovados

E Durkheim lembrado como um guru que a tudo resolve.

Abaixo o Tipo Ideal de Weber

Extraído da multidão anômica e perdida

Porque não se vê no seu próximo e cede às forças coletivas

E sufocam a formiga com suas regras e normas de comportamento.

Porque nada disso tem sentido

Quando não se tem o Homem como objetivo

E o mundo perde sua graça....

silvio lima
Enviado por silvio lima em 06/10/2009
Reeditado em 11/10/2009
Código do texto: T1850420
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