Relíquias de sal

Ornamento... As faces de um acontecimento.

Enrolam-se as faces... Fazemos certos "milagres"... E a madrugada dança... Vira cigana, nas rodas dos meus lenços.

Guardam-se os medos... Fala-se dos dias... Das ruas... Tão nuas.

O amanhecer será em breve... O sol aparecerá, derretendo a neve.

Ontem, um dia rascunhado de lembranças... Cuidados e cuidados com aquilo que é dito de verdade... O ajudar a quem precisa... O abrir de olhos, nas esquinas.

O hoje, um dia diferente... As folhas andavam soltas... Não me vi, em nenhum lugar fixado... O riso virou retrato.

Amanhã, será fiel a hoje... A fidelidade do tempo enrosca-se nos travesseiros.

O dito intenso carinho... Uma palavra que definiria o meu destino...

Apagamos as luzes, quando mentimos...

Mas, o dia sempre vem... E o riso agarra-se a minha face... A nossas faces desgarradas...

O riso é para os loucos... Os rostos precisam dessa sabedoria...

Roucos caminhos... A voz na garganta aprisionada... E a madrugada dança, enrolada nos meus lenços... Tantos ventos.

Os versos melodicamente esfarrapados... Viram a minha colcha de retalhos...

E a mina d'água que escolhi está entorpecida pelo silêncio... A terra solta-se em pequenos sulcos... A água brota em suor da minha pele...

A madrugada dança... A minha dança cigana... Relíquias de sal...

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