OCASO TALVEZ...

Acordei invernal... Olhos de enxurrada, coração de crepúsculo...
Ventania revolvendo a lembrança, arrasando a esperança...
Como um raio, essa enorme e incerta certeza gelada de que hoje é dia de nada.
Ah! Como dói a saudade e não saber... E dói saber não ser tua saudade... 
Sou viração longe do teu coração... E dói a certeza que podes esquecer.
Posso viver ou morrer... É dia de nada. Nada vai acontecer.
É longo e tenebroso o inverno que pressinto, sinto, com razão ou não...
A primavera parece desabrochar lá fora... Aqui dentro, é inverno outra vez.
O sol que me resgatou do inverno-inferno, já não brilha ao amanhecer...
Ah! Como dói a pretensa presença e a indiferença, o pior da ausência.
Acaso? Destino? Ocaso talvez...
Não sei... Sei que dói sem doer, parece que vou morrer.
E hoje é dia de nada... Nada, nada vai acontecer.
É o inverno que eu queria não viver.
É primavera, certamente dirás ao saber, são teus olhos...
Realmente, são os meus com saudades do brilho dos olhos teus.





* Imagem: Praia do Laranjal, Pelotas/RS.
Tânia Alvariz
Enviado por Tânia Alvariz em 03/10/2009
Reeditado em 15/02/2011
Código do texto: T1845973
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