Divindades, de Elis à Clarice.
Tuas melodias fazem das águas de março uma perfeita sincronia natural.
Teus parágrafos fazem dos humanos um pouco mais seres.
Não tenho crença religiosa ou divindade a seguir,
Mas creio no intrépido dom de minhas deusas, mortais para a maioria e eternas a mim.
Sinto assim, perpetuando suas vidas
Propagando uma imortalidade,
Proposta pelo dom da arte.
Não falo somente de arte como pincel, violão, palco e caneta
Falo sim, sobre o que é cativado em meu interior,
Células e correntes racionais de entendimento complexo,
De coisas tão simples como o ser em si,
E a importância de engajar-se por ideais.
Cada uma com seu toque aveludado e irreverente,
Acalentando, embalando meus maiores desejos e preocupações.
A tradução melódica e literária de minha existência,
A interpretação fiel de minha essência.
É tão fascinante reconhecer-se em linhas alheias,
Linhas simetricamente construídas,
Morfológica e sintaticamente sutis,
Porém, de grande impacto!
Quão grande a admiração transparecendo em minhas veias,
Neste e em qualquer momento,
Talvez até seja inveja (e por que não?).
Um dia serei deusa,
Deusa inspiradora do entendimento da alma,
Não importa como,
Serei Elis em suas notas,
Serei Clarice em suas metáforas.