NÓDOAS DO AMOR QUASE PERFEITO
Nódoas nos oásis da vida.
Dunas às enxurradas.
Areia quente,
Gente atingida,
Céus tingidos de azuis.
Desertos zunindo
Ventos de partículas
Desoxidando o nada.
Ausência,
Zurzir de açoites
Esperando solstícios.
Toupeiras ocultas.
Noctívagos passeios
Em caçadas noturnas.
Vida imbuída,
Latente.
Eis, a linda flor
que nasceu
no deserto do adeus,
nem a rudez da intempérie
do desamor
a feneceu,
posto que fosse
criatura fora de série,
criada por Deus.
O amor está acima de qualquer solidão.
A gente somente saberá um pouco do amor
Quando amar o nada, o vazio, e a própria solidão.
Quando levantar-se nimbado de profunda alegria de viver,
Sem o menor motivo aparente, e sorridente por ver
e sentir um amor sem causa, e muito menos sem efeito,
qual o terno recém-nascido da mais pura inocência.
E, com a mais plena certeza de nada saber sobre o amor.
Ao se conseguir esse estágio, estar-se-á gozando o primor do eterno nirvana.
Que a bem-aventurança invada todo o seu ser, e que este pobre escrevente possa tentar amar mais um pouco.