Gênese
deixara-os
como meninos
a olharem pela vez primeira
as estrelas
quando
suas palavras
transparentes
levianas
atravessaram
o ar
girando na escuridão
como lumes
a consumirem
Nosso céu é preto porque elas graus de luz não sempre foram
As distâncias não deixavam de aumentar
Nosso universo enrarece-se esfria passando do simples ao complexo é a história de uma matéria que se organiza quando elas fachos ensamblam como crisóis o espaço entre nós contraindo-se fazendo o carbono o oxigênio que dá o respirar
O coração dilatando-se em gigante vermelha gerando núcleos das suas partes ínfimas mais pesadas
Os múltiplos elementos mínimos produziram-se aí nelas quando o seu coração se derrubara sobre si provocando uma onda gigante de choque que fez explodir a frase
numa supernova com um resplendor que alumiava os nossos firmamentos como cem mil milhões de sóis
nos nossos céus de sons
Preciosos elementos propulsados nos espaço do silêncio a dezenas de quilômetros por segundo
Assim morrem elas
deixando um resíduo de branco contraído que pode mudar em silêncio preto ou brilhar
As mais pequenas extinguem-se com maior lentidão evacuando seus conteúdos sem violência como anãs brancas a mudarem sem brilho em cadáveres espaciais
Esses signos vagam entre nós ao acaso misturando-se com as grandes nuvens disseminadas ao longo do caminho branco da via de leite na que se formaram
São os mesmos átomos que nos criaram
de terra e luz
de madeira e água
de cor
Do seu pó que nos deu a vida
estamos feitos
A sua aparição exigira a morte do anterior
as suas selvas trouxeram os seus silêncios
como crisóis
Todo o nosso calor nascera na periferia de uma galáxia em espiral esse caminho branco esse grande arco luminoso que atravessara sua noite estrelada
O seu pó formara a pouco e pouco discos que ensamblados construíram estruturas rochosas pedras a chocarem a baterem que remataram por se aglomerarem planeando nascendo como bolas de fogo incandescente
As partes últimas dos nossos mundos caíram do mais alto alto como chuva de sons regando nossas bocas
como gotas de vida
Como aquele
que nos procurara a luz
com estrelas longínquas
a Manuel Andrade