[Recriançando Minhas Dúvidas]

A medida que o corvo sinistro,

firma as suas garras em mim,

uma dúvida, uma pergunta antiga

reacende-me na mente:

mas... e se antes de o corvo me levar,

caíssem todos os meus cabelos,

como é que ia ser, como?!

Que figura hilariante eu não seria,

sendo carreado para o Hades,

[parcas flores mereço, eu sei...],

frio, hirto, todo paramentado,

e com uma moeda para Caronte,

mas... sem os meus cabelos?!

Ah, frio na espinha...

que medo é maior,

o comum a todos, o da morte,

ou o da queda dos meus cabelos?!

Sobrevoo-me, e não entendo

como posso agora estar

a me lembrar de dúvidas

que eu tinha, ainda criança...

Será que eu não cresço nunca?!

Ara... esse tal corvo, Caronte, o Hades...

Ah, para que fui ler tanto,

para que fantasiei tanto...

Ou será que refantasio, recrio,

recrianço as minhas dúvidas?

Também, eu reconheço, só dou

asas a essas idéias com valentia

de sol quente... à noite, não!

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[Penas do Desterro, 29 de setembro de 2009]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 29/09/2009
Reeditado em 10/07/2012
Código do texto: T1838138
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