Desabafo sobre a arte
É, estimado comparsa
A arte cobra um preço muito caro
A inspiração se torna um fardo
Lesado me sinto
Na verdade, pressinto
Quero ser nobre na ruína
Só o caos me fascina
E a fé me empresta veracidade às divagações
Na cidade, só encontro humilhações
Críticas consistentes são como verdades
Não encontro impunidade
Sou réu revel
Todas minhas especulações são nulas
Distante é o céu, próximas as agruras
Mas sou homem
Mais que homem!
Sou fiel aos meus propósitos
E rijo como a rocha
Mas a substância das geleiras
Se difere do que explico
Irrefutavelmente,
Ao magistrado, suplico...
Pouca felicidade me resta
E não está nos seres
Está nas linhas, nos conteúdos
No consolo da resignação
Acato a decisão?
Não há paz para o culpado!
Nem tampouco demônio
Há uma sensação de segurança
Uma inefável ocasião de trégua
Entre a hora presente e o futuro inexorável
*Dedicado a John Milton e sua obra máxima: "Paraíso perdido"