Desabafo sobre a arte

É, estimado comparsa

A arte cobra um preço muito caro

A inspiração se torna um fardo

Lesado me sinto

Na verdade, pressinto

Quero ser nobre na ruína

Só o caos me fascina

E a fé me empresta veracidade às divagações

Na cidade, só encontro humilhações

Críticas consistentes são como verdades

Não encontro impunidade

Sou réu revel

Todas minhas especulações são nulas

Distante é o céu, próximas as agruras

Mas sou homem

Mais que homem!

Sou fiel aos meus propósitos

E rijo como a rocha

Mas a substância das geleiras

Se difere do que explico

Irrefutavelmente,

Ao magistrado, suplico...

Pouca felicidade me resta

E não está nos seres

Está nas linhas, nos conteúdos

No consolo da resignação

Acato a decisão?

Não há paz para o culpado!

Nem tampouco demônio

Há uma sensação de segurança

Uma inefável ocasião de trégua

Entre a hora presente e o futuro inexorável

*Dedicado a John Milton e sua obra máxima: "Paraíso perdido"

Marciano James
Enviado por Marciano James em 29/09/2009
Reeditado em 24/01/2011
Código do texto: T1837862
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