Chaves de Mim

Chaves de mim

Vou te contar um segredo, minha amada, oculto no mais profundo recanto de minha alma inquieta.

Para que me encantes a maior parte do tempo, nunca sejas previdente, prisioneira de uma insuportável rotina:

Antes, prefiro-te até impertinente; todavia, jamais te quero maçante, previsível como a chegada das longas noites do invernal solstício.

Opte por me feir com a letal surpresa de um ataque de águia a perseguir a fugitiva lebre, pegando-a antes que se proteja em sua toca.

Dá-me porções do teu amor da mesma maneira como o faz a mãe-pássaro: regurgitando na boca de seus filhotes o alimento que lhes garante a vida.

Tenha sempre em tuas mãos a precisão de um maestro conduzindo sua orquestra em um allegro majestoso, pleno de hiperborea grandeza.

E então, com a sacralidade de um hierofante, guarde ciosamente nosso amor a salvo de profanos olhares.

É preciso mergulhar bem mais fundo para se pescar as melhores pérolas; mesmo que esse mergulho nos conduza às terríveis abissais profundezas de nós mesmos.

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 29/09/2009
Reeditado em 11/12/2019
Código do texto: T1837420
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