QUADRO
Nas noites calmas, aparentemente calmas, de um inverno que se arrasta monótono, a solidão se aninha entre as quatro paredes do meu quarto frio. Sinto que o tempo passou. Dentro de mim também a estação mudou... De amor e sol restou apenas dor. O sorriso franco que aquecia os meus olhos, ficou perdido na recordação de um quadro azul de verão. Um pobre e colorido quadro que eu pintei com sonhos nos momentos ilusórios que pensei serem reais. Pobre artista sem pincel! Os dedos entumecidos pelo frio conseguem apenas riscos cor de chumbo, acinzentados como a tempestade que me vai na alma. Nem um clarão de amor, apenas cinzento e dor. Pobre poeta com tão pobre rima! Não conseguir um dia para rimar com alegria... somente dor combinando com amor.