[O Sonho Morre no Amanhecer]

[Tema para o poema ‘Ribada]

Onirismo de febre alta:

se o tutano sair dos meus ossos,

então, eu vou ficar assim,

uma ossada branca,

largada ao sol,

no meio da invernada.

Tombado à beira do caminho,

de um qualquer caminho

que houver neste sertão-mundo,

vou ser apenas uma aparição

aos olhos de um cavaleiro...

Gavião vai voar por cima de mim,

vai até gritar de cortar a tarde,

mas só vai achar o nada,

o urubu não terá o que debicar,

nem a formiga o que pinicar

na ossada do meu eu extinto,

caída, seca ao sol, pelo sol.

O sonho morre no amanhecer...

brancas estradas que me percorrem,

brancura sem fim de estradas de sal

que vêm da minha noite grande -

a minha vida, eu sei, nasce daí,

do nada dessa secura branca –

eu estou de pé: acredito na vida!

______________

[Penas do Desterro, 27 de setembro de 2009,

relido a partir de 14 de outubro de 2007]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 27/09/2009
Reeditado em 10/07/2012
Código do texto: T1834266
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