NASCIMENTO

Podem largar à porta

Da rua os ignorados seres

Vindos de lugares igualmente ignorados

Porque não se conhece a mão que se explora.

E sabem vistosos senhores

Comportados à vista alheia e servis

Tanto podem e se prestam à ignóbil empresa

Aqueles que se não reconhecem no espelho da vida.

Acabada a tarefa exausta e mal paga

Vai ao botequim beber

E de gole em gole

Põe à boca o líquido amargo e ardente

E não leva para casa o pão há muito escasso.

E se ao novo dia que se aproxima

Vencendo a noite dormida por desmaio

O que podem dele exigir?

Se só sabe que tem o que fazer.

E a história que não cessa seu curso

Como uma canoa desgovernada a cachoeira desce

Nada mais sobra senão lamentos e certezas vãs

E sabem os que apenas olham

Que o que se presencia no instante posto

Ficará na mente como placa que inaugura nova obra.

Dos jardins outrora e não esquecido tempo

Jazem somente ruínas

E como do Egito fortes pirâmides

A humanidade herdou

Deve-se ao jardim voltar

E remexendo a terra feito trator imponente

E lá deixar a semente que se tornará flor.

Assim se garante não somente a planta

Mas a abelha que virá

E o mel

Doce e alimentador

Será dado à criança que crescerá.

E queiram os deuses olímpicos

De Zeus a Baco

Sem esquecer Hermes e sua lira

E a melodia que dela sair

Um novo Homem surgirá.

silvio lima
Enviado por silvio lima em 26/09/2009
Código do texto: T1832121
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