Amor, meu grande amor! Já não era sem tempo depois que se passou o tempo, que o tempo nos trouxesse bem aqui, de frente um para o outro, depois que o tempo tinha nos arrastado cada qual para sua própria vida, despercebidos de existir um e outro, um para o outro, um sem o outro, sempre outro sem o um. E solidão e esquecimentos que lá longe no tempo existia já esse amor, assim como devia ser, com seus apertos no coração de uma saudade sabe-se lá como, sabe-se lá por que, sabe-se lá de que, e sabe-se lá de quem.
Amor, meu grande amor! Repartiu-se entre nós exata metade para cada um e foi tentar ser amor para qualquer um, por qualquer coisa, qualquer ilusão, desencontro e desencantos; amor semente que foi no tempo brotar tão a tempo, esse fogo crescendo, incendiando bem devagar, até nos queimar em febre e nos arrancar soluços, nos deixar exaustos de saudade, tanta saudade de tudo o que nem tivemos ainda, por falta de tempo.
Amor, meu grande amor! Esse amor silêncio, sussurro tão bem escondido bem lá dentro do peito, esse amor sombra a nos seguir aonde quer que fôssemos, esse amor espera, esperado, esse amor desesperado de nunca se revelar revelando-se bem no romper desse silêncio, nessa noite à distância tornando próximos passado e presente, misturando tudo dentro da gente, tão de repente que parece que foi sempre.
Amor, meu grande amor! Nascido de repente bem na nossa frente e a gente de olhos fechados e o coração distraído, amor subtraído de nossos passos, um amor de antanho, de tão bem antes que percebêssemos ser amor, grande amor que nunca nos deixou assim tão afastados, que nos manteve próximos mesmo nos desencontros, marcando hora e lugar de vir e chegar bem a tempo de nos encontrar nesse grito, no ecoar de nossa poesia insistente.
Amor, meu grande amor! Amor para ser sentido agora, enquanto o tempo haverá de fazer eu aprender, aos poucos e bem devagar, sua pele, seu cheiro, suas mãos, dentro desse abraço, seus olhos e seus lábios, toda essa tanta luz de seu sorriso, como se fora do tempo, de todo o tempo tudo tivesse nascido ali exatamente naquele momento.
Amor, meu grande amor, para eu aprender seu gosto, para nunca mais esquecer.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 25/09/2009
Reeditado em 22/09/2021
Código do texto: T1830085
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.