Às vezes o poeta é missioneiro
Às vezes o poeta passa a mão no seu violão na intenção de iludir a ilusão. Porém, nem sabe tocar direito e, acaba metendo as mãos pelo peito. Põe-se a cantar o planto do seu desafinar quando acorda com esses doídos acordes, e nota o seu velho vilão sem cordas. Então se amofina ao ouvir o seu nobre cantar, molhado do planto que acabou de plantar. Eis o acalanto a iludir o pobre poeta sonhador, que às vezes vive sem guarida, posto que fosse a própria natureza a vicejar em esperança de jamais morrer, apenas transformando-se sem nenhum risco a correr. Então o poeta é imortal sobremaneira, para não falar maior asneira, eternizando seus ideais, andarilhando sobre o poder mental, e sibilando o som de brilhantíssimo metal. Às vezes é poeta da ilusão. Às vezes é profeta real na inconsciência de dizer o que não sabe. Porém, quem ouve, pode perfeitamente entender e se curar sem o ato de fazer qualquer ritual. Pois, essa cura é acurada e natural. Às vezes o poeta rumina, às vezes assina a própria sina ao dizer palavras divinas. Às vezes o poeta não pode deixar de escrever aquilo que não é seu e, semimecânico escreve sem pânico, virtuosas palavras de Deus.
jbcampos