POBRE POETA

Pensando bem, ser poeta dói um bocado,
A gente vê o amor por dentro e por fora.
São como palavras soltas, nada dizem,
Não rimam com absolutamente nada.
É dessa dor que eu falo, palavras vazias,
custam-me às vezes noites inteiras,
sonos perdidos e uma mulher zangada,
porque poeta também casa e tem casa.
Palavras que não dizem nada, apenas bailam,
como louco em dia de grande festa,
ouve o grito da maioria e pensa que é música.
Vê o sorriso farto, largo da criança,
e imagina o deboche dos afortunados sadios.
Dói por dentro o amor quando chora a poesia,
Quando o poema sai na inspiração do medo.
Dói por fora a vida quando a noite,
no silêncio do mudo sente o grito da traição.
Ser desse mundo o sangue arterial e levar a vida ao mendigo cansado e desnudo, esfomeado espírito muito mais que o estomago.
É tarefa gigante de quem ama uma flor,
e conversa com Deus olhando uma pequena formiga.
Mas quem dentro tantos se aventura nos versos?
Os poetas desconhecidos, analfabetos da razão,
são porque são o alicerce do amor.
Porque o amor não escolhe entre o belo e o feio,
nem mesmo entre o seixo e o diamante,
O amor não é para escolher, e sim, ser escolhido.
O segredo não é tentar o amor,
Mas ser amado muito além da morte.
Pensando bem, ser poeta dói um bocado,
A gente vê o amor por dentro e por fora.


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