SEMPRE... SOZINHA!
Sempre que me sento aqui e me descubro, dentro da noite, sozinha, me voltam os temores, retornam os amores frustrados que tanta solidão me deram no passado. Então eu busco o brilho distante das estrelas que outrora amenizaram minha escuridão. E como um náufrago agarro as bases firmes que orientaram meu desespero em outras eras. E a vontade de perder espaço, de morrer um pouco, me volta e eu sucumbo. Sei que me restam as lembranças, esperanças, mas as frustrações me trazem de volta o medo de acumular solidão e apagar a chama tênue que tanto esforço me custou para manter acesa. Sei que me aniquilo um pouco nessas horas, sei que perco estrada, regrido, estaciono. Sei que avalio meus valores e coloco em jogo as vitórias, sei que corro o risco de uma derrota.
Mas, mesmo assim, sempre que me sento aqui e me vejo premida pela ausência constante da concretização do meu desejo mais profundo, procuro as imagens que povoaram meu passado, os vultos que iludiram meu caminho, as caras, os enganos, as visões. E o retorno apavorante dos recalques faz sombra ao meu pequeno raio de sol.
A minha estrela vela por mim, eu a pressinto. Mas, é tão longa a noite infinita desse frio, que o seu calor não consegue aquecer meu corpo transtornado.