Sabe minha amiga, eu lembro-me de ser nova, muito nova, e invejar os velhos por não carregarem a obrigação de ter um corpo que tem que ser perfeito, por poderem estar sem ser desejados, por não carregarem o peso de satisfazerem, de corresponder, por poderem ser.
Hoje, amiga, assisto ao envelhecer do meu corpo. Recordo aquela voz que me avisou que «a partir dos 35 é que se nota…». Um dia amiga, olhei o meu corpo no espelho e não o reconheci, parece que foi de repente. O meu corpo a envelhecer e eu fechada em mim. Não sei quanto tempo fiquei, fechada, tentando identificar-me com aquele invólucro que sou eu. Assim de repente. E assim de repente também, comecei a sentir que finalmente o meu corpo condizia com o meu espírito, livres os dois, aceitando-se, sendo, um só, eu comigo.
modosdeolharr
ysabella
Enviado por ysabella em 21/09/2009
Reeditado em 21/09/2009
Código do texto: T1822543
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