Como te amo

Não te amo como amo a chegada

da primavera. Eu te amo mesmo de

forma obscura.Como se ama a criança

que não nasceu e que leva em si

o brilho da vida que não teve

ou os amores que jamais a matarão de novo.

Eu te amo como a flor

que pisada foi sob o pé do órfão recente que corre

sem saber para onde ir, nem onde vai

sua mãe querida...

e leva a flor pisada

toda a dor que abate o coração assassino...

nem sei se te amo, como amam suas mulheres

que em sua cama te amaram

e em bares te odiaram

e agora não te vêem dormindo em minha cama

como se dali nunca tiveras saído...

eu te amo obliquamente

de forma que não me sufoca esse amor

que é como uma coisa que não se sente

ou se deseja, ou se devora e se alimenta de si mesmo...

é assim,

como a planta que figura o cubismo de Picasso

e se limita a nunca mais morrer...

eu te amo como o equilíbrio vacilante

dos primeiros passos da criança

que tropeça em seu primeiro vestido...

eu te amo na palavra

no verbo

na canção

no sonho...

e sem você não conheço o resto dessa minha vida

David Souza
Enviado por David Souza em 20/09/2009
Código do texto: T1821966
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