Papiro

Bela folha desbotada... Vasculhei-a nas gavetas incendiárias...

Elas calcificam alguns ditos... Percebemos depois de um longo tempo o que fora escrito.

O papiro da tua fala está na vibração dos meus ouvidos... Escrevemos ao som de violinos.

Escriba com olhos atentos é o tempo... Registra tudo, em cores deslumbrantes... Um momento... Um instante.

E o escorregar dos dedos pelas linhas detalhadas... Um ciclo vicioso o toque em cada parte da página...

Sabemos o melhor entalhe... Da obra recortada com o respirar de cada gesto.

Dias de êxtase... Dias de conclusões... Muitas fibras em perfeita sintonia.

Assim, o papiro ficará registrado... É folhas soltas ao chão.

Basta rodopiar nos lenços... Basta sentir o gosto de exatidão...

Servimos o vinho, em cálice seleto... E o rito ganha a linha escrita à mão...

Um dedilhar em cada nota... Em cada vibração.

12:20