Prosa antipoética

Comecei a escrever crônicas

porque esgotaram-se as rimas.

Queria rimar o de baixo com o de cima,

fazer sonetos pra um amor

que já não existe mais.

Resolvi escrever sobre filhos e pais;

sobre você, não escrevo mais.

Não farei borrões no papel,

pois, que cada frase,

era regada com uma lágrima

e eu, já não tenho nem idade,

nem paciência pra isso;

to com o saco cheio de tanto lenga lenga,

de tanto chororo e tanta arenga.

Pra mim, não tem mais graça,

ficar horas e horas, caneta na mão,

esmiuçando essa desgraça.

Já foi tarde. E eu agora,

acordo cedo todos os dias,

agradecendo quem está do meu lado

e não quem está sabe-se lá onde.

Francamente, vê se eu ia passar

minha meia idade,

em meio à choros e lamentações.

O que não faltam, são corações,

cada um, mais lindo que o outro,

ainda mais, quando vem com

aquele biquinho, pedindo pra eu

entrar devagarinho

e não esquecer de fechar a porta.

Sabe quando é que vou fazer

outro poema manhoso ?

Nunca, nunquinha, jamais !

E falando em poema,

fiz um indagorinha, enquanto escrevia

essa besteirada toda.

Quer ver ?