CONVERSANDO COM MEU PAÍS

CONVERSANDO COM O BRASIL

Ontem recebi as mesmas velhas notícias do Brasil:

“ A estação das queimadas está para ser retomada. Reservas biológicas estão sendo destruídas por queimadas, desmatamentos. Reações climáticas adversas destroem cidades, casas, lares, pessoas... Morre a terra. Morre a mata. Morre a gente.”

Fiquei pensando em ti, Brasil. Por onde andas? Tenho sentido tantas saudades de nós dois. Aliás, como estamos diferentes do que sonhávamos e prometíamo-nos. Vejo teu povo desunido e abandonado. Enganado. Traído. Usurpado. Como nos falta a confiança da natureza equilibrada.Como nos falta o frescor de abrir de folhas verdes: a primavera, a esperança, a espera de porvir. Como sinto agora os meus braços abertos tolhidos de abraços sinceros, inutilmente estendidos ao vazio das ilusões e das mentiras. Meus braços parecem as árvores retorcidas e ressequidas que olham o céu do cerrado almejando Brasília à espera de milagre.

Como é preciso chover placidamente em ti, Brasil, o país das queimadas e das enchentes. Como é preciso chover coragem, ousadia, renovação e verdade. Como é preciso chover sobre as matas, cidades, ruas, pessoas, nós mesmos, e cada face. O que mais arde em chamas não são as árvores e animais indefesos, mas a indiferença, o descaso, a falta de interesse, o desrespeito, a imoralidade político-social. Como estamos ressequidos de sentimentos e valores!!!!

Mais do que nunca urge a ti, Brasil, encharcar-te não da destruição dos lares , dos corpos e das almas, mas encharcar-te de compaixão pelas árvores e braços mortos. Urge chorar pela flora e fauna talvez extintas. Urge regar sementes de bem-estar social, governar para salvar, para semear e florescer o potencial deste povo. Mais do que nunca, a consciência brasileira precisa aprender a respeitar e conservar o que há em suas terras. Pois só mesmo as gotas de suor mais honestas dos habitantes do Brasil serão capazes de restaurar a umidade do ar e trazer de volta a fertilidade necessária para revestir o país de matas, de verdes, de esperanças e de vida.

(REEDIÇÃO ATUALIZADA DE TEXTO PUBLICADO PELA ED.

LITTERIS )

Carmem Teresa Elias
Enviado por Carmem Teresa Elias em 14/09/2009
Reeditado em 12/10/2009
Código do texto: T1809755
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